15 de janeiro de 2011
A morte e vida charlie
Se você achou o título do filme meio esdrúxulo, não se espante e saiba que estás diante de mais um longa tratando de um tema recorrente nos últimos tempos no cinema nacional e, pelo visto, internacional: o espiritismo.
Baseado no livro homônimo do jornalista Ben Sherwood (atual presidente da ABC News), a história romântica conta sobre a forte ligação entre dois irmãos, vítimas de um grave acidente, que resultou no falecimento do pequeno Sam (Charlie Tahan) e deu para Charlie (Zac Efron) a capacidade ver os espíritos.
Contudo, devido ao trauma de abandono dos dois, Charlie promete ao irmão que nunca irá deixá-lo e terá um rotina com ele como se estivesse vivo, enterrando seu futuro promissor nos estudos e a possível vida de campeão na vela. Só que o tempo passou e anos mais tarde, trabalhando como zelador no cemitério da cidade, o jovem recluso acaba se encantando pela velejadora Tess (Amanda Crew), que deve se ausentar por um grande período.
Tendo como pano de fundo a questão familiar e a dificuldade do encontro dos corações amantes, o conflito do protagonista passa a ser em relação ao mundo material e o espiritual, fazendo com que o filme transite pelo tema vida após a morte de maneira sensível em alguns momentos, mas surreal em muitos outros.
Se por um lado pode conseguir estabelecer alguma conexão com o público em geral nas horas em que o pequeno Sam está “presente”, em outro, vai até surpreender, mas bota tudo a perder ao carregar demais na tinta, inserindo na trama coisas exageradas e até ridículas, como “uma luz” sinalizadora em alto mar, diante de uma situação limite, ou uma transa num lugar pouco coerente com o tema.
Com minúsculas pitadas de humor (acredite) capitaneadas por gansos e pequenas participações de atores veteranos como Ray Liotta e Kim Basinger, o filme que cita São Judas Tadeu (das causas perdidas) e aborda com todas as letras a questão da “segunda chance”, tem elenco escorado no ator que ainda não encontrou a sua verdadeira chance de se desvencilhar do estereótipo de galã do High School Musical.
E assim, o longa de bela fotografia, segunda parceria entre Efron e o diretor Burr Steers (17 Outra Vez), deixou a desejar. Com uma trilha sonora boa (vai de Ramones até uma tradicional e previsível instrumental melosa), A Morte e Vida de Charlie não vai passar de mais um filme água com açúcar e um temperinho existencial para muitos. Para outros, que não vão se sensibilizar com o roteiro sem sal e presença de espírito, poderia vir acompanhado até da Marcha Fúnebre, de Chopin.
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