7 de janeiro de 2012

Sessão Popcorn: Cavalo de Guerra

Cavalo de Guerra


Houve uma época em que muita gente desdenhava de Steven Spielberg. Se o diretor norte-americano era praticamente imbatível quando se falava de aventura (ah, "Indiana Jones"), suas investidas pelo drama eram vítimas de um preconceito difícil de entender – mesmo "A Cor Púrpura" e "E.T.", lá na década de 1980, mostravam um talento evidente.

Após 40 anos de uma carreira com mais acertos do que erros, olhar atravessado para Spielberg hoje seria um absurdo: afinal de contas, ele domina a gramática do cinema hollywoodiano como ninguém e sabe como atingir em cheio o espectador.

"Cavalo de Guerra", que chega nesta sexta-feira (06) aos cinemas brasileiros, é uma boa prova desse domínio. O filme concorre em duas categorias do Globo de Ouro e tem presença quase certa entre os indicados ao Oscar 2012 (a lista dos finalistas será divulgada no próximo dia 25). Spielberg assistiu à bem-sucedida montagem teatral londrina de "Cavalo de Guerra", baseada no livro infantil de Michael Morpurgo, um best-seller, e chorou um bocado. O diretor viu ali a chance de fazer o mesmo com plateias inteiras.

Realmente, chances para levar o público às lágrimas não faltam. Além de situada na Primeira Guerra Mundial, que por si já aviva olhos marejados, a história tem material de sobra para trazer emoções à flor de pele, em especial por se apoiar num sentimento de inocência arrebatadora: o amor de um garoto por seu cavalo.
No interior da Inglaterra, em 1914, a família do jovem Albert (Jeremy Irvine), ancorada por sua mãe (Emily Watson, majestosa), batalha para conseguir sobreviver plantando em terras arrendadas.O patriarca, Ted Narracott (Peter Mullan), soldado veterano e alcoólatra, num arroubo da bebida arremata um potro puro-sangue num leilão, quando precisava na verdade de um animal robusto para puxar o arado. E aí começa a magia de "Cavalo de Guerra": Joey, o cavalo, é especial. Espere, portanto, muitas demonstrações de coragem, carinho, força e inteligência.
Por se tratar de uma história escrita originalmente para crianças, há um tom inegável de conto de fadas. Doce, de voz suave e ar angelical, Albert corre alegre pelas verdejantes colinas inglesas ao som de uma retumbante trilha orquestral – impossível não lembrar de "A Noviça Rebelde".
Assim como no filme estrelado por Julie Andrews, a candura é posta em suspenso pelos horrores da guerra: sem dinheiro para pagar o aluguel ao dono das terras (o excelente David Thewlis), o velho Narracott se vê obrigado a vender Joey ao exército britânico, para desespero de Albert.
Spielberg tem experiência de sobra na Segunda Guerra Mundial – fez "O Resgate do Soldado Ryan", "A Lista de Schindler" e inúmeros projetos como produtor, da série "Band of Brothers" a "Cartas de Iwo Jima".
O primeiro embate contra os alemães surgiu como uma oportunidade para o diretor explorar um mundo em plena mudança, rumo à mecanização. Foi a última guerra em que cavalos tiveram um papel fundamental, embora a indústria armamentista estivesse a pleno vapor. Nesse sentido, uma cena é exemplar: num ataque surpresa, a cavalaria britânica, elegante, galopa com espadas em riste rumo a um acampamento germânico, apenas para ser surpreendida por um paredão de metralhadoras.
As imagens, claro, são fortes, mas nunca brutais. Spielberg comanda com desenvoltura o avanço de tropas pelas trincheiras, corpos voando pelos ares ou caindo alvejados, sem nunca mostrar sangue – afinal de contas, trata-se de uma produção da Disney. É uma forma de abordar a guerra e mostrá-la sem ser um "filme de guerra" propriamente dito. Aqui, o que importa é falar de amor, coragem, tragédia, moral, obstáculos e redenção.
Com closes frequentes em seus olhos expressivos, o cavalo (ou melhor, 14, o total de animais usados nas filmagens para interpretá-lo) serve como ponto de apoio para tudo isso. Joey passa por lugares e exércitos diferentes, sempre comovendo quem convive com ele – a não ser, obviamente, os personagens que fazem as vezes de vilão. Piegas? Sem dúvida.
Com closes frequentes em seus olhos expressivos, o cavalo (ou melhor, 14, o total de animais usados nas filmagens para interpretá-lo) serve como ponto de apoio para tudo isso. Joey passa por lugares e exércitos diferentes, sempre comovendo quem convive com ele – a não ser, obviamente, os personagens que fazem as vezes de vilão. Piegas? Sem dúvida.

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